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Quarenta e cinco integrantes da tribo indígena Xucuru e familiares do cacique Francisco de Assis Pereira de Araújo, conhecido como Chicão, serão recebidos, hoje, pelo ministro da Justiça, Renan Calheiros, em Brasília.

O chefe dos Xucurus foi assassinado no dia 20 de maio passado, no município de Pesqueira e a visita é para solicitar ao ministro que a Polícia Federal passe a investigar o caso.

Ontem, peritos do Instituto de Criminalística (IC) fizeram o retrato falado dos suspeitos e a reconstituição da morte do cacique. O trabalho foi comandado pela perita do IC, Vanja Coelho.

A direção do Conselho Indigenista Missionário (CIMI-Regional) considera estranho o fato da Polícia Federal ainda não está atuando, já que, segundo ela, o crime ocorreu em conseqüência de conflito fundiário, envolvendo a posse de terra indígena Xucuru. As investigações da Polícia Civil indicam que as primeiras ameaças contra Chicão surgiram a partir de julho de 1995, após a primeira reunião para se falar sobre demarcação de terras da tribo.

Segundo integrantes da tribo, as ameaças partiram de fazendeiros, instalados há cinco décadas na área. Os índios querem a preservação de 26.980 hectares de terra, na Serra de Ororubá. No local, estão localizadas 23 microaldeias dos Xucuru, ao lado de 281 propriedades de fazendeiros e posseiros.

Perícia:

O delegado Regional de Caruaru, Antônio Carlos Câmara, responsável pelas investigações do caso, também participou da reconstituição que deverá esclarecer detalhes do crime. O retrato falado será divulgado para todo o país e teve como base depoimentos de testemunhas. O cacique foi assassinado com cinco tiros. Durante as apurações Jailson José de Carvalho, conhecido como Orelhão, foi detido, porém, as testemunhas não o reconheceram como autor dos disparos contra o índio.

Os depoimentos prestados até agora ao delegado reforçam a hipótese de Chicão ter sido morto por conta de demarcação de terras. Familiares do cacique acusam posseiros e fazendeiros de serem os mandantes do homicídio.

(1) EM: Diário de Pernambuco – Recife. 03 / 06 / 1998, p. 27.